Radiologistas do Mundo: Dra Cintia Oliveira (parte 1)

De clínica geral a responsável pelo setor de imagem, a veterinária Dr Cintia Oliveira construía uma carreira promissora num hospital particular em Belo Horizonte quando encontrou uma parede: “Ler livros e frequentar cursos ou palestras não estavam suprindo o desejo de exercer a radiologia com um conhecimento mais pleno (…) apenas com radiografia e ultrassom à disposição, havia um vazio sem a possibilidade de usar outras modalidades de imagem”.

Há 8 anos, Dr Cintia fez as malas e partiu para tentar residência nos Estados Unidos. E conseguiu. Hoje, professora assistente do Colégio de Medicina Veterinária da Universidade da Flórida, ela sentou com o blog do CRV para contar, na primeira parte desta entrevista, como conseguiu tal feito e refletir sobre as diferenças entre o mercado brasileiro e o norte-americano.

Na segunda parte deste bate-papo, discutimos o caminho das pedras para se conseguir uma formação nos EUA.

 

Dra Cintia, obrigado por conceder esta entrevista. Há quanto tempo está nos EUA e o que te motivou a estudar fora do Brasil?

Minha vinda definitiva para os EUA aconteceu há 8 anos atrás. Depois de me formar em Medicina Veterinária, trabalhei por 7 anos em um hospital particular em Belo Horizonte e aos poucos comecei a me dedicar ao diagnóstico por imagem. Depois de 4 anos atuando como clínica geral, passei a ser responsável pelo setor de imagem. A radiologia nesse momento já era uma grande paixão.

Ler livros e frequentar cursos ou palestras, no entanto, não estavam suprindo o desejo de exercer a radiologia com um conhecimento mais pleno. À época, apenas com radiografia e ultrassom à disposição, havia um vazio sem a possibilidade de usar outras modalidades de imagem. Decidi, então, dar um break no meu trabalho e vir acompanhar o diagnóstico por imagem aqui nos EUA. Passei 6 meses com um radiologista diplomado pelo Colégio Americano de Radiologia Veterinária e entrei em contato com tomografia computadorizada, ressonância magnética e fluoroscopia, que até então não existiam no Brasil (ou existiam de forma escassa). Durante esse tempo, percebi que estudar por conta própria sem as ferramentas necessárias não iria me trazer o conhecimento que eu buscava. Decidi, então, fazer uma residência aqui nos EUA.

 

Com a sua experiência, quais as principais diferenças entre o mercado veterinário norte-americano e o brasileiro?

O mercado veterinário norte-americano está muitos anos à frente do brasileiro, sem ofensas. Escuto isso também de europeus, quando pergunto como é o mercado deles comparado ao dos EUA. Os norte-americanos têm uma relação ímpar com a Medicina Veterinaria, muito em função do poder aquisitivo dos cidadãos. O número de pessoas que podem arcar com altos custos de cuidar de um animal de estimação é bem maior comparado ao resto do mundo — generalizando, claro. Com muita frequência, vemos contas aqui ao redor de 5, 6, 10 mil dólares. As estimativas para internação, em geral, são acima de 3 mil dólares. E isso para a maioria dos clientes é normal, eles não se assustam com tais valores.

Dinheiro obviamente gera conhecimento, tecnologia e mais oportunidades de pesquisa. O investimento aqui em Medicina Veterinária é inigualável. A infraestrutura das escolas e dos hospitais veterinários é de cair o queixo, e o ensino, de altíssima qualidade e uniformizado em todo o pais.

O veterinário, nos Estados Unidos, sabe o seu valor e, por isso, consegue se impor, o que facilita na hora de cobrar dos clientes. O investimento na formação é grande, muitas vezes esticado em até 4 anos dedicados à especialização, além da graduação.

Sei que o mercado mudou e continua a se transformar no Brasil. Hoje, ele é completamente diferente de quando deixei o país. Me surpreendo em ver como a nossa Veterinária está progredindo, com profissionais mais qualificados e tecnologia disponível. O CRV Imagem mesmo é um exemplo desta evolução! Vocês fazem parte de um grupo pioneiro em levantar conhecimento e tecnologia. Em breve, assim espero, não haverá muita diferença entre o mercado brasileiro e o norte-americano.

 

Confira a segunda parte desta entrevista!

 

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