As responsabilidades de um criador, por João Hypolito

Dr João Hypolito é fisioterapeuta, criador da raça Bull Terrier e proprietário do Vinnie, o cão mais premiado do Brasil. “Vinnie é 1 em 1 milhão”. À frente do Ice Court Bull Terrier, nesta segunda entrevista ao CRV Imagem, Dr João discute o papel e as responsabilidades dos criadores na saúde das futuras gerações de animais.

 

Dr João, você representa um grupo muito sério de pessoas que se preocupa com a saúde e qualidade de vida das futuras gerações dos cães de raça. A gente sabe que algumas doenças como a Displasia Coxofemoral, comum em raças de grande porte, tem um componente genético forte. Qual a importância dos criadores no controle de doenças hereditárias?
Como sabemos, todas as raças têm uma predisposição genética a desenvolverem determinadas patologias. Cabe a todos o criadores um controle criterioso de saúde no que se diz respeito a seus padreadores e matrizes. Os exemplares utilizados na reprodução devem testar negativo para as determinadas patologias que acometem cada raça canina.

O criador de sucesso se preocupa sempre em criar um cão correto, balanceado, vistoso, de temperamento equilibrado, mas que, acima de tudo, seja saudável. A genética de um exemplar irá interferir na saúde e nas gerações de futuros animais.

 

João e o Bull Terrier Vinnie: 38 BIS e mais 100 finais de exposição.

 

Como as associações criadores e clubes de raça no Brasil estão lidando com esse desafio?
Seria injusto de minha parte citar algumas associações / clubes e porventura esquecer de outras. Existem diversos clubes e conselhos de determinadas raças no Brasil que estão à frente desse desafio. Eles se organizaram, reuniram criadores, formaram núcleos e verificaram quais eram as principais patologias com predisposição genética que acometiam frequentemente cada raça. Em cima disso, estabeleceram diretrizes específicas que contribuíram para uma criação mais rigorosa e responsável de seus criadores. Além disso, esses criadores estão sempre se reunindo em eventos para debater sobre assuntos relacionados a saúde de suas raças.

 

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Conhecendo de perto o mercado de cinofilia do Brasil e do Reino Unido, você citaria algumas diferenças relevantes entre os dois mercados no que diz respeito aos critérios para selecionar as matrizes?
Não posso afirmar sobre outras raças, mas a raça Bull Terrier tem na Inglaterra o prestigioso “The Bull Terrier Club”, fundado em 1887, que rege as normas de criação da raça por lá. O trabalho é extremamente interessante e responsável quanto às regras de criação, e é feito em conjunto com o The Kennel Club, entidade cinófila oficial de todas as raças do Reino Unido.

 

Na prática, como se dá esse trabalho no Reino Unido?
Por exemplo, para um Bull Terrier ser considerado padreador ou matriz no Reino Unido, tal exemplar deve ser comprovadamente CLEAR (negativo) para os seguintes testes:

  • Doppler Cardíaco (Negativo para Alterações Cardíacas);
  • UPC (Negativo para Alterações Renais);
  • BAER (Negativo para Surdez);
  • Patella (Negativo para luxação patelar).

No Brasil, ainda engatinhamos em termos de entidades com esse controle, entretanto temos diversos criadores que, por conta própria, fazem um trabalho ímpar, reconhecido internacionalmente.

 

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