CRV entrevista o ortopedista Dr Rubem Bittencourt

Sessenta de idade, trinta de carreira, Dr Rubem Bittencourt é referência em Ortopedia Veterinária. Nesta entrevista, ele entrega como alia experiência à modernidade para se manter um profissional relevante.

 

Dr Rubem, obrigado por conceder esta entrevista ao CRV Imagem. Como referência na área de Ortopedia no Brasil, quais os casos mais comuns hoje na sua rotina?
Na minha atual rotina ortopédica, a doença mais comumente diagnosticada é a ruptura do ligamento cruzado cranial, seguida de displasia coxofemoral, do cotovelo e artroses de diversas origens.

 

Houve algumas mudanças nessa casuística ao longo dos anos? Quais?
Sim! Quando me formei em 1982, a Ortopedia basicamente tratava de traumas e as osteossínteses eram feitas com uso de pino intramedular em todas as fraturas. Hoje, temos um arsenal de material para tratamento com diversas placas com indicações específicas, uso de pino intramedular bloqueado, fixação externa linear e também com o método de Ilizarov. As cirurgias de ruptura do ligamento cruzado cranial evoluíram de tal forma que hoje remodelamos os joelhos pelo uso de técnicas de osteotomias, como o avanço da crista tibial (TTA) e a osteotomia niveladora do platô tibial (TPLO) — sendo esta última a minha preferida e realizada por mim há 11 anos.

Os diagnósticos das doenças ortopédicas progrediram muito, seja pelas abordagens diagnósticas mais eficientes e/ou pelos meios de apoio — laboratoriais e exames de imagem — aos diagnósticos.

 

Como você se mantém atualizado?
Não devemos medir esforços para nos atualizarmos. A atualização deve ser prioritária em todas as carreiras, sobretudo na área médica. Viajo anualmente para os Estados Unidos para participar do congresso do Veterinary Orthopedic Society  (VOS), um dos melhores encontros de veterinários ortopedistas do mundo, com participação de profissionais do mundo todo. Acompanho também os cursos da AO-ASIF, de artroplastia em prótese coxofemoral, e os da Biomedtrix, de cotovelo e joelho. Assino revistas como a Veterinary Surgery e a Veterinary and Comparative Orthopaedics and Traumatology (VCOT), faço parte da Associação Brasileira de Ortopedia Veterinária, do Colégio Brasileiro de Cirurgia, além discutir casos com diversos colegas de todo o Brasil.

 

Que conselhos você daria para a turma mais nova que está saindo agora da faculdade? Como eles devem se preparar para o mercado?
Quem está se formando deve ter em mente que os ensinamentos de uma faculdade são generalistas, e cabe a cada um escolher uma área de especialização para atuar. Independentemente da área escolhida, a formação em clínica médica irá fazer a diferença.

Devemos avaliar o paciente como um todo e não somente pensando na sua área de especialização. Um paciente que apresenta claudicação pode ter uma doença ortopédica (artrose, fratura), neurológica (neoplasia em plexo, compressão medular) ou mesmo endócrina (neuropatia diabética, hiperadrenocorticismo). Desta forma, se não temos conhecimento de clinica médica, podemos ter dificuldade para concluir um diagnóstico.

Cursos de especialização, residência e congressos são formas de aprender e de se manter preparado para o mercado de trabalho. Não interessa o tempo de formado, sempre temos algo a aprender. Mesmo com 30 anos de carreira, continuo estudando.

 

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Dr Rubem Bittencourt: “os exames de imagens têm um papel fundamental, seja para avaliar o pós-cirúrgico ou confirmar um diagnóstico”.

 

Que papel os exames de imagem tem na sua rotina clínica-cirúrgica?

Na minha área de atuação, os exames de imagens têm um papel fundamental, seja para avaliar o pós-cirúrgico ou confirmar um diagnóstico. Hoje, as imagens radiográficas digitais, tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) têm contribuído em muito nos procedimentos ortopédicos.

A TC tem um papel importante no diagnóstico de diversas doenças, como por exemplo na fragmentação do processo coronóide em pacientes jovens em que não há sinais artrósicos e para os quais o exame radiográfico não consegue confirmar o diagnóstico. O uso de prototipagem através de imagens de TC permite um planejamento cirúrgico mais preciso, sobretudo nas osteotomias corretivas de desvio ósseo. Também uso a TC para avaliar lesões em coluna, desde neoplasia vertebrais e doenças compressivas medulares. Fora da área de Ortopedia, tenho usado a TC para identificação de Shunt Porto Sistêmico, trombose ilíaca e avaliação de diversas neoplasias abdominais e ósseas.

A RM ainda não é uma realidade como instrumento de diagnóstico, porém, quando estiver disponível, permitirá um exame preciso em lesões do joelho e em tecidos moles, como na medula espinhal, músculos, órgãos etc.

Quero aproveitar para parabenizar toda a equipe do CRV pelo excelente trabalho e espero que, em um breve, nos contemple com a Ressonância Magnética, que será mais uma arma no arsenal de diagnóstico para os veterinário do Rio de janeiro.

 

 

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