A Alimentação dos Pets por Dr Rodrigo Perdigão e Dra Alessandra Vargas
23 de outubro de 2017 |Qual é mais eficaz: a dieta à base de comida caseira ou de ração? Dá pra confiar nas instruções do verso das embalagens de ração? Como administrar uma alimentação balanceada com os petiscos de recompensa? Aliás, é possível substituir esses tais petiscos? O dono do pet também precisa ser “treinado”?
O especialista em comportamento animal, Dr Rodrigo Perdigão, e a endocrinologista Dra Alessandra Vargas, da Endocrinovet, tiram essas e outras dúvidas neste bate-papo sobre nutrição, obesidade, diabetes e o papel do proprietário no bem-estar do seu pet.
Dr Perdigão, a principal causa da obesidade é a simples ingestão de muita quantidade de comida. E de comida os cães estão sempre atrás. Existe algum treinamento para adestrar os cães a comer somente nas horas certas?
Sim, na verdade os proprietários são os grandes causadores desse problema. Eles acham que os cães precisam ter comida disponível ou se alimentar várias vezes ao dia. O cão é originado do lobo, que caçava para se alimentar, e passava dias sem comer. Com rotina e dedicação, a gente consegue, sim, fazer com que eles se alimentem nos horários corretos, com uma dieta adequada.
Dr Rodrigo Perdigão: “Os proprietários acham que os cães precisam ter comida disponível ou se alimentar várias vezes ao dia”.
Dra Alessandra, as rações trazem em suas embalagens as porções para cada refeição. Os proprietários podem confiar nessas informações ou devem eles mesmos pesar as porções?
As quantidades que constam nas embalagens das rações são calculadas a partir da média da população canina e felina. Assim a maioria dos pets que comer a quantidade recomendada irá manter um escore de condição corpórea ideal. Porém, os pets que apresentarem maior metabolismo basal (ou seja maior gasto energético) irão perder peso se comerem a quantidade recomendada, enquanto que os animais com metabolismo basal reduzido irão ganhar peso, podendo até desenvolver obesidade.
Além disso, a recomendação dos rótulos das rações não leva em consideração o uso de petiscos, ou seja, a quantidade recomendada só será adequada se o pet comer exclusivamente ração. Caso o tutor queira administrar petiscos, a quantidade de ração a ser fornecida terá que ser readequada.
Dr Perdigão, é possível reeducar um cão mal acostumado?
Sim, claro, alguns cães são mais teimosos que os outros, mas tudo é possível em qualquer idade.
Dr Perdigão, já que a Dra Alessandra levantou a questão dos petiscos fora de hora, existe treinamento também para os donos dos cães?
Existe, sim! O desenvolvimento da disciplina por parte dos proprietários é o melhor treinamento que há. Afinal, é através deles que os cães ganham o alimento.
Há um substituto para os “biscoitos de recompensa”?
Sim. Frutas, carinho, brinquedos.
Dra Alessandra Vargas: “Tutores costumam alterar a dieta, prejudicando o tratamento”.
Dra Alessandra, no controle do peso, quais os prós e contras entre uma dieta caseira (comida feita em casa) e aquela à base de ração?
Ambas as dietas terão resultado satisfatório se realizadas rigorosamente de acordo com a prescrição. Porém, estudos têm demonstrado que os tutores que fazem uso do alimento caseiro alteram a prescrição durante o tratamento para perda de peso, afetando o resultado do processo ou até mesmo provocando diferentes formas de má nutrição.
Outra desvantagem que deve ser levada em consideração quando se opta pela alimentação caseira é dificuldade na elaboração da dieta, visto que para elaboração da alimentação caseira é necessário pesar cada ingrediente.
Importante: para a prescrição de alimentação caseira é necessária uma consulta com médico veterinário especializado em nutrologia. Já a prescrição de ração pode ser realizada por médico veterinário clínico geral.
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Dra Alessandra, um dos desdobramentos da obesidade é a diabetes, que é tratada primordialmente com doses injetáveis de insulina. Na sua experiência, os tutores conseguem aplicar a insulina nos seus pets? Quais as maiores dificuldades enfrentadas e que conselhos você pode dar?
Na primeira consulta os tutores ficam apavorados, com receio de aplicar a insulina, acham que não estão capacitados para realizar tal procedimento. E nós veterinários temos que convencê-los do contrário.
Como fazer? Primeiro: lembrá-los de que o mesmo é realizado em pacientes humanos: adultos diabéticos realizam auto-aplicação de insulina. Segundo: explicar que a aplicação não provoca dor. E por fim, temos que que ensinar o tutor a aplicar a insulina: eu costumo mostrar vídeos de outros tutores aplicando a insulina em seus cães e gatos e, em seguida, auxilio o tutor a realizar a primeira aplicação. Se necessário, o cliente pode retornar diariamente para aplicar insulina no consultório até sentir-se seguro em fazer a aplicação sozinho em casa.
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