Precisamos falar de Adoção Tardia

O ato de adotar é por si só digno de valorização, mas ainda assim guarda algumas “injustiças”. Enquanto os filhotes são facilmente adotados, cães idosos são negligenciados e acabam “sobrando” nas feiras e abrigos. Neste artigo, Dr Rômulo Braga combina sua experiência pessoal e profissional e volta a discutir a importância da adoção, desta vez com especial enfoque sobre a adoção tardia.

 

Dr Rômulo, que cuidados devemos ter ao adotar um cão idoso?

A primeira atitude é conversar com o grupo/instituição que fez a guarda ou lar temporário. Só eles possuem o histórico deste animal — o que diz respeito à saúde e ao temperamento — e são as fontes mais confiáveis para lhe dizer se a sua família tem o perfil para adotar e atender as necessidades daquele cão.

 

De imediato, que precauções devemos tomar com relação à saúde do animal?

Veja se a carteira de vacinas está em dia e se informe sobre a atual medicação do cão e os preventivos para parasitas (vermes, pulgas e carrapatos) que ele toma. É preciso dar continuidade a este tratamento, pelo menos até a consulta com o veterinário de sua escolha. Muitos abrigos e grupos de adoção oferecem assistência de um veterinário nessa transição.

 

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Quais as vantagens de se adotar um cão idoso?

Cães idosos têm temperamento e porte conhecidos, em geral são mais tranquilos, com menor poder de destruição, educados, possuem esquema de vacinação já pronto e melhor imunidade. O ato de adotar é por si só digno de valorização, mas ainda assim guarda algumas “injustiças”. Os animais mais velhos são negligenciados em detrimento dos filhotes e acabam “sobrando” nas feiras e abrigos. Os benefícios de adotar um cão idoso são os mesmos de cuidar de um filhote: nos tornamos pessoas melhores à medida que criamos hábitos para cuidar, alimentar e amar alguém que depende de nós.

 

Como fazer com que este cão se sinta à vontade no novo ambiente?

A adaptação de um cão idoso é geralmente mais fácil que a de um filhote. As exigências costumam ser menores e há um histórico de observação sobre o comportamento daquele animal, que pode nos guiar sobre como melhor introduzi-lo ao novo lar. Aqui vão algumas recomendações:

– Manter a rotina à qual o animal está habituado e, aos poucos, introduzir novos hábitos;

– É importante trazer ou repetir a comida/ração à qual ele está acostumado, sobretudo para evitar transtornos digestivos;

– Estreitar gradualmente os laços com o animal, através de passeios ou dando a ele algo de que goste;

– Demarcar uma área menor, aconchegante, protegida e tranquila é o recomendado para uma observação mais próxima, pelo menos nos primeiros dias. Aos poucos, pode-se liberar gradualmente o animal para outros espaços e co-habitantes da casa.

 

 

Quais doenças aparecem com a idade e como os tutores devem tratá-las?

Cães idosos podem exigir um pouco mais de dedicação se tiverem questões de saúde. Estar ciente dos problemas e diagnosticá-los o quanto antes garantem qualidade de vida e sobrevida ao animal.

Aqui, vou fazer uma breve listagem com os problemas mais comuns e as formas de diagnóstico e tratamento:

Osteoartrose de quadril, joelhos, cotovelos e coluna: em geral, são tratados com antiinflamatórios, protetores de cartilagem, exercícios adequados, fisioterapia e acupuntura. Incluir na casa tapetes e passadeiras aderentes ao piso, portões na escada e pequenas rampas ou escadas próprias para aqueles que insistem em subir na cama ou sofá;

Problemas respiratórios exigem medicamentos específicos conforme a causa — seja alérgica, inflamatória ou infecciosa — com adequação do ambiente e, às vezes, nebulização e umidificação do ar;

Problemas cardíacos devem ser tratados com assistência de um cardiologista veterinário com base nos exames e diferentes doenças, mas é importante evitar estresse, calor excessivo e atividade física demasiada;

Muitos problemas hormonais como a diabetes (que pode precisar de administração de insulina), o hipotireoidismo e a Síndrome de Cushing (excessiva produção da glândula adrenal) demandam medicação específica com acompanhamento pelo especialista ou clínico veterinário baseado no resultado dos exames e resposta aos hormônios e medicamentos administrados.

– Perda de visão pode ser secundária à diabetes ou também decorrente de outros fatores. O oftalmologista deve ser consultado. Cirurgias para catarata agora são comuns em nosso meio e resolvem muitas dessas deficiências. Não se deve tentar soluções caseiras, que só tendem a agravar o quadro e retardar a solução;

– A detecção de tumores benignos e câncer nos animais, assim como no homem, tende a ser mais curativa quanto mais precoce for o diagnóstico. A biópsia, tomografia, ultrassonografia, endoscopia e radiologia são ferramentas cada vez mais usadas e disponíveis, enquanto a cirurgia, quimioterapia e radioterapia passaram a trazer mais qualidade de vida e longevidade.

 

 

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