PetRoomie: a confiança faz o negócio

A verdadeira inovação, aquela que derruba velhos paradigmas para erguer novos, ainda impensados, parece ter chegado ao mercado pet. Monique Côrrea é a jovem empreendedora sócia da PetRoomie, empresa que conecta proprietários de cães e gatos para oferecer serviços diversos, dentre eles o pet sitting. Veja bem, a PetRoomie é daquelas empresas que giram sem a necessidade de qualquer ativo tangível: não há prédios, canis ou gatis; apenas tecnologia e boas ideias. Pelo site, os clientes se falam, negociam e compartilham experiências.

O Blog do CRV sentou com Monique para descobrir — na prática — como o amor pelos animais evoluiu para um negócio de sucesso.

E na esteira dos últimos eventos, em que taxistas declararam guerra ao UBER, o aplicativo/empresa que adota o mesmo pensamento disruptor da PetRoomie, esta conversa é mais do que oportuna.

 

Oi, Monique. Fale um pouco de você: qual a sua trajetória profissional até aqui?

Minha trajetória foi bem típica de empreendedor, isto é, nada linear. Vim de uma formação muito técnica: sou técnica em Química e graduada em Farmácia Industrial. Trabalho desde os 18 anos, tendo passado por áreas de pesquisa e indústria. O foco sempre foi muito técnico, sentia falta de uma visão mais abrangente dos negócios e mais criativa.

Decidi então estudar negócios e fiz um MBA no IBMEC para abrir um pouco a mente. Foi ​ótimo e um marco na mudança de direção na minha vida profissional. Finalmente entendi que o que queria mesmo era empreender, mas a dúvida era em quê. Eu tinha muitos interesses, sempre buscando pensar a que realmente eu queria me dedicar. Esse pensamento é importante, porque tem que ser algo que você fique muito entusiasmada em criar, senão é difícil manter a motivação.

Primeiro, me associei a um projeto na área de resíduos sólidos (tratamento de lixo) e foi uma experiência muito enriquecedora. Conversei com grandes fundos de investimento, participei de negociações internacionais e modelei projetos inovadores, mas por uma coisa ou outra, não era esse negócio que queria levar adiante e decidi sair do projeto. Nesse momento, decidi criar a PetRoomie, empresa totalmente alinhada com a minha visão de mundo.

 

O que é a PetRoomie e para quem ela é destinada?

A PetRoomie é uma comunidade para unir pessoas e animais através de amor e confiança.

Na comunidade, amantes de animais abrem suas casas para cuidar de cães e gatos ou oferecem o serviço de pet sitting para os animais de outros membros por um preço acessível.

Há três grandes pilares de valor: possibilitar uma hospedagem mais amorosa para o animal, sem canis ou gatis, num ambiente mais próximo ao que o pet está acostumado com seu tutor; para o proprietário, a possibilidade de viajar em paz sabendo que seu pet está sendo muito bem cuidado ao custo até 4x mais barato que as opções de mercado; e para o anfitrião (quem se oferece para cuidar do animal), a possibilidade de ganhar um dinheiro extra fazendo o que gosta. ​

 

De onde surgiu a ideia para o negócio?

Eu já estava estudando os modelos de negócios da economia colaborativa, como o Airbnb, modelo de hospedagem para humanos, sites de caronas, empréstimos e trocas de objetos, financiamento coletivo, entre outros.​ São modelos disruptivos, porque mudam o paradigma da necessidade de posse de bens para o acesso a esses bens. Esses modelos não apenas geram experiências mais ricas e aproximam pessoas pela relação de confiança, eles também possibilitam um impacto muito positivo para o meio ambiente por promover economia de recursos.

​Na pesquisa, encontrei como referência uma empresa americana  com apenas um ano em atividade, uma espécie de Airbnb para cachorros. Eu adorei! Para quem tem animais, é uma preocupação constante a escolha de um local e cuidador ideais para o seu pequeno. Sempre que tive de viajar, eu nunca optei por hoteis. A ideia do meu bichinho num canil me causava arrepios! Amo animais, sou vegetariana há mais de 10 anos, ou seja, era algo que fazia e faz sentido pessoalmente para mim. Quando fui estudar o mercado pet para saber se fazia sentido como negócio, não tive dúvidas. Somos o segundo maior mercado pet do mundo e em crescimento. Daí surgiu a PetRoomie e decidimos que, num primeiro momento, atenderíamos apenas cães e gatos.

 

Como funciona o modelo de negócio da PetRoomie?

​O cadastro é gratuito e, a cada transação efetivada no site da PetRoomie, ganhamos uma taxa de 15% do valor da total da negociação. É um modelo ganha-ganha: ou todos ganham juntos ou ninguém ganha.

O valor é livremente escolhido pelo anfitrião assim como os serviços que ele deseja oferecer. Temos muito rigor na avaliação dos anúncios, revisamos todos eles e damos suporte durante o processo inteiro. A plataforma, no site, permite que os membros comentem publicamente suas experiências.

 

 

Detalhe do site PetRoomie.com.br: tecnologia para conectar
Detalhe do site PetRoomie.com.br: tecnologia e confiança.

 

Quais foram as dificuldades de pôr o negócio para girar?

É sempre difícil fazer um negócio girar. No caso da PetRoomie, há uma questão cultural, porque temos de provar às pessoas que elas podem confiar umas nas outras. Existem também o obstáculo normal de tornar a empresa conhecida e os entraves desafios de qualquer gestão. Nossa equipe inicial é reduzida, porém as demandas são muitas. É preciso aprender a prioriozar e ter foco. O esforço não é simples, mas é compensado pelo resultado emocionante.

 

Quais eram as expectativas (boas e ruins) do público quanto ao serviço? Aliás, as pessoas conheciam este serviço?

​Muitas pessoas ainda não conhecem esses modelos colaborativos de consumo, e tudo o que é novo tem sempre uma dificuldade a mais de convencimento. Muitos clientes fecham a reserva por ainda se sentirem muito inseguros, mas as experiências têm sido todas positivas e com alto índice de fidelização.

 

Qual foi a estratégia para contornar estas expectativas?

Um bom atendimento é chave nesses processos. Viramos amigos dos clientes, já conhecemos seus animais pelo nome e até suas manias.

 

Como é estruturado hoje o seu plano de comunicação/captação?

Temos estratégia para mídia offline, formando parceiras com grandes empresas do setor para gerar valor para nossos membros e também as estratégias de marketing digital para captação de clientes e ganhar visibilidade. ​

 

Qual o futuro da PetRommie?​

Temos metas agressivas de crescimento para os próximos dois anos, permitindo a consolidação no Brasil. Depois, o caminho é internacionalização.

 

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