PetRoomie: a confiança faz o negócio
30 de julho de 2015 |A verdadeira inovação, aquela que derruba velhos paradigmas para erguer novos, ainda impensados, parece ter chegado ao mercado pet. Monique Côrrea é a jovem empreendedora sócia da PetRoomie, empresa que conecta proprietários de cães e gatos para oferecer serviços diversos, dentre eles o pet sitting. Veja bem, a PetRoomie é daquelas empresas que giram sem a necessidade de qualquer ativo tangível: não há prédios, canis ou gatis; apenas tecnologia e boas ideias. Pelo site, os clientes se falam, negociam e compartilham experiências.
O Blog do CRV sentou com Monique para descobrir — na prática — como o amor pelos animais evoluiu para um negócio de sucesso.
E na esteira dos últimos eventos, em que taxistas declararam guerra ao UBER, o aplicativo/empresa que adota o mesmo pensamento disruptor da PetRoomie, esta conversa é mais do que oportuna.
Oi, Monique. Fale um pouco de você: qual a sua trajetória profissional até aqui?
Minha trajetória foi bem típica de empreendedor, isto é, nada linear. Vim de uma formação muito técnica: sou técnica em Química e graduada em Farmácia Industrial. Trabalho desde os 18 anos, tendo passado por áreas de pesquisa e indústria. O foco sempre foi muito técnico, sentia falta de uma visão mais abrangente dos negócios e mais criativa.
Decidi então estudar negócios e fiz um MBA no IBMEC para abrir um pouco a mente. Foi ótimo e um marco na mudança de direção na minha vida profissional. Finalmente entendi que o que queria mesmo era empreender, mas a dúvida era em quê. Eu tinha muitos interesses, sempre buscando pensar a que realmente eu queria me dedicar. Esse pensamento é importante, porque tem que ser algo que você fique muito entusiasmada em criar, senão é difícil manter a motivação.
Primeiro, me associei a um projeto na área de resíduos sólidos (tratamento de lixo) e foi uma experiência muito enriquecedora. Conversei com grandes fundos de investimento, participei de negociações internacionais e modelei projetos inovadores, mas por uma coisa ou outra, não era esse negócio que queria levar adiante e decidi sair do projeto. Nesse momento, decidi criar a PetRoomie, empresa totalmente alinhada com a minha visão de mundo.
O que é a PetRoomie e para quem ela é destinada?
A PetRoomie é uma comunidade para unir pessoas e animais através de amor e confiança.
Na comunidade, amantes de animais abrem suas casas para cuidar de cães e gatos ou oferecem o serviço de pet sitting para os animais de outros membros por um preço acessível.
Há três grandes pilares de valor: possibilitar uma hospedagem mais amorosa para o animal, sem canis ou gatis, num ambiente mais próximo ao que o pet está acostumado com seu tutor; para o proprietário, a possibilidade de viajar em paz sabendo que seu pet está sendo muito bem cuidado ao custo até 4x mais barato que as opções de mercado; e para o anfitrião (quem se oferece para cuidar do animal), a possibilidade de ganhar um dinheiro extra fazendo o que gosta.
De onde surgiu a ideia para o negócio?
Eu já estava estudando os modelos de negócios da economia colaborativa, como o Airbnb, modelo de hospedagem para humanos, sites de caronas, empréstimos e trocas de objetos, financiamento coletivo, entre outros. São modelos disruptivos, porque mudam o paradigma da necessidade de posse de bens para o acesso a esses bens. Esses modelos não apenas geram experiências mais ricas e aproximam pessoas pela relação de confiança, eles também possibilitam um impacto muito positivo para o meio ambiente por promover economia de recursos.
Na pesquisa, encontrei como referência uma empresa americana com apenas um ano em atividade, uma espécie de Airbnb para cachorros. Eu adorei! Para quem tem animais, é uma preocupação constante a escolha de um local e cuidador ideais para o seu pequeno. Sempre que tive de viajar, eu nunca optei por hoteis. A ideia do meu bichinho num canil me causava arrepios! Amo animais, sou vegetariana há mais de 10 anos, ou seja, era algo que fazia e faz sentido pessoalmente para mim. Quando fui estudar o mercado pet para saber se fazia sentido como negócio, não tive dúvidas. Somos o segundo maior mercado pet do mundo e em crescimento. Daí surgiu a PetRoomie e decidimos que, num primeiro momento, atenderíamos apenas cães e gatos.
Como funciona o modelo de negócio da PetRoomie?
O cadastro é gratuito e, a cada transação efetivada no site da PetRoomie, ganhamos uma taxa de 15% do valor da total da negociação. É um modelo ganha-ganha: ou todos ganham juntos ou ninguém ganha.
O valor é livremente escolhido pelo anfitrião assim como os serviços que ele deseja oferecer. Temos muito rigor na avaliação dos anúncios, revisamos todos eles e damos suporte durante o processo inteiro. A plataforma, no site, permite que os membros comentem publicamente suas experiências.
Quais foram as dificuldades de pôr o negócio para girar?
É sempre difícil fazer um negócio girar. No caso da PetRoomie, há uma questão cultural, porque temos de provar às pessoas que elas podem confiar umas nas outras. Existem também o obstáculo normal de tornar a empresa conhecida e os entraves desafios de qualquer gestão. Nossa equipe inicial é reduzida, porém as demandas são muitas. É preciso aprender a prioriozar e ter foco. O esforço não é simples, mas é compensado pelo resultado emocionante.
Quais eram as expectativas (boas e ruins) do público quanto ao serviço? Aliás, as pessoas conheciam este serviço?
Muitas pessoas ainda não conhecem esses modelos colaborativos de consumo, e tudo o que é novo tem sempre uma dificuldade a mais de convencimento. Muitos clientes fecham a reserva por ainda se sentirem muito inseguros, mas as experiências têm sido todas positivas e com alto índice de fidelização.
Qual foi a estratégia para contornar estas expectativas?
Um bom atendimento é chave nesses processos. Viramos amigos dos clientes, já conhecemos seus animais pelo nome e até suas manias.
Como é estruturado hoje o seu plano de comunicação/captação?
Temos estratégia para mídia offline, formando parceiras com grandes empresas do setor para gerar valor para nossos membros e também as estratégias de marketing digital para captação de clientes e ganhar visibilidade.
Qual o futuro da PetRommie?
Temos metas agressivas de crescimento para os próximos dois anos, permitindo a consolidação no Brasil. Depois, o caminho é internacionalização.
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