Os desafios da Tanatologia aplicada à Veterinária
10 de dezembro de 2015 |Como a morte é tratada na Veterinária? As famílias estão sempre preparadas para ouvir o pior? E do lado de cá, do veterinário, será que ele sabe dar más notícias? E, mais ainda, consegue “segurar o tranco”, manter a cabeça no lugar e seguir em frente na profissão?
Essas e outras questões envolvendo a tanatologia aplicada à Veterinária foram postas em debate na última segunda-feira, 6/12, num encontro com profissioanais multidisciplinares, organizado pelo Dr Rômulo Braga, Coordenador de Setor de Radiologia do CRV Imagem. Participaram do evento a enfermeira Roberta de Lima, expert em Oncologia, e a psicóloga Joelma Ruiz, especializada em lidar com a perda e o luto.
Dr Rômulo sentou com o Blog do CRV para falar dos atuais desafios da Veterinária no enfrentamento de situações delicadas envolvendo a morte, e do trabalho que mantém com o seu grupo de estudos.
Dr Rômulo, o que trata este grupo de estudo e quem faz parte dele?
O evento de segunda, 6/12, foi a primeira vez em que nos reunimos pessoalmente. Na prática, nós funcionamos no mundo virtual, por whatsapp, em um grupo do qual sou o administrador. Somos um coletivo multidisciplinar — veterinários, psicólogos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais — que troca informações sobre luto, perdas e outros assuntos de psicologia aplicados à Veterinária.
Que papel tem a tanatologia na Veterinária de hoje?
Esta é uma área pouco abordada nas universidades ou congressos. Alguns pontos são até tabus. No entanto, no exterior, a tanatologia é um ramo desenvolvido, que retém inclusive uma parte dos recursos do mercado. Em São Paulo, nós já vemos o início deste processo: há sempre um veterinário, alguns professores de faculdade e donos de clínicas interessados.
Hoje, quais são os assuntos mais relevantes na tanatologia ligada à Veterinária?
Existem vários tópicos de interesse para os veterinários, principalmente ligados à humanização e à abordagem de pontos críticos em situações delicadas: a morte em si, clientes que não conseguem assimilar a perda, como trabalhar o luto, e como preparar o próprio veterinário para lidar com os clientes nestas situações e também enfrentar seus medos, conflitos e dúvidas pessoais.
A qualidade de vida do profissional e a exaustão decorrente de tantas situações de sofrimento podem levar colegas a desistir da profissão. Em nosso encontro de segunda, até o índice de suicídio entre veterinários esteve em debate. A discussão foi realmente algo raro e muito necessário.
Há próximos encontros agendados?
Nossos planos são continuar a trazer eventos desse tipo para amadurecer o assunto na Veterinária e elevar a autoestima e o entendimento do veterinário sobre a sua importância para a família que tem um pet. Grupos de discussão, apoio e dinâmicas foram algumas da ideias que já surgiram.
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