Adoção: a extraordinária experiência de dar e receber amor
4 de julho de 2016 |
Pai de cães, gatos, uma camundonga e até um pombo, uma família de 15 animais, todos adotados ou resgatados, Dr Rômulo Braga tem uma história antiga com adoção. “A adoção nos transforma pra melhor, criando em nós um senso de responsabilidade social, maior empatia e comprometimento, e uma ligação emocional sem os entraves humanos”. Nesta entrevista, o coordenador do setor de Radiologia do CRV Imagem fala da família, que agora parou de crescer (“a casa está cheia!”), de como um certo pitbull mestiço mudou a sua vida, e das expectativas e responsabilidades de quem pretende começar a adotar.
Dr Rômulo, hoje você contabiliza quantos animais adotados? E como começou toda essa história?
São 15 “fillhos”, entre cães, gatos, a Topolina (uma camundonga) e um pombo. Já adotei 25 ao longo da vida e parece que, depois que você começa, não tem mais fim.
Toda esta história começou na minha adolescência, quando um ganhei um “pastor lata”. Na faculdade, adotei uma galinha. Entretanto, só como veterinário e com uma casa só minha, pude de fato praticar a adoção, incluindo filhotes de gatos entre os “filhos”.
Agora, estamos com a casa cheia: não há vagas! É preciso também ter limites para cuidar com qualidade de vida para eles e para nós.
Você tem uma relação especial com o Vital, um “pitbull mestiço” (foto).
Sim. Há nove anos, eu fui morar em São Paulo e, no Instituo Butantã, encontrei o Vital, um mestiço de pitbull, à época com seis meses de idade. Ele estava solto e recém-castrado. Me deu a louca e o trouxe pro Rio comigo.
Vivemos muita coisa juntos, e Vital é hoje a maior representação do meu amor pela minha profissão e pelos animais. Ele me ensinou muita coisa e me lembra todos os dias de como meus pacientes são importantes para seus tutores; me faz entender como isso toca fundo em nós. Ele dorme comigo todos os dias, lado a lado, e é quem me faz voltar para casa, sair para caminhar, estudar, ter bons hábitos e pensar como o presente é bom.
Por que adotar?
Adotar é um grande ato de amor e também uma necessidade na nossa sociedade moderna. Milhares de animais sofrem por frio, fome, doenças e maus tratos. Quando adotamos e “castramos”, assumimos um papel importante na solução desse problema e contribuímos para a expectativa e a qualidade de vida desses animais.
Adoção ajuda a melhorar o mundo, porque é menos um ser que sofre desnecessariamente. E, no final de tudo, a adoção nos transforma pra melhor, criando em nós um senso de responsabilidade social, maior empatia e comprometimento, e uma ligação emocional sem os entraves humanos. Inúmeros são os benefícios da relação homem-animal estudados atualmente: companhia, motivação, socialização com outras pessoas, redução do estresse, formação de hábitos saudáveis, resistência a doenças, mudança da visão de mundo (dos outros e de si mesmo). Mas nada se compara à extraordinária experiência de cuidar, dar e receber amor.
Que perguntas devemos nos fazer antes de adotarmos?
Não é qualquer um que tem condições e responsabilidade para ter um animal em casa, assim como não é qualquer um que pode ser pai e mãe de uma criança. São situações diferentes, mas ainda assim com semelhanças entre si.
Preparar-se, pensar bem, conversar com a família e com quem tem competência para orientar é fundamental para que a adoção não se transforme num problema, num abandono ou devolução (grande frustração para todos, inclusive o adotado).
É preciso ter autocrítica e avaliar friamente suas condições financeiras, pensando nos gastos com veterinário, remédios, ração e com toda sorte de emergências e surpresas. Pra quem já tem tendência de adotar, é essencial fazer planejamento, impor regras e principalmente dar limites ao desejo de pôr todo mundo pra dentro de casa.
Qual é hoje a sua atuação em prol da adoção?
A adoção não precisa exatamente ser feita por você. O custo de adotar e cuidar com responsabilidade pode variar muito, mas com certeza é um compromisso por pelo menos 10 a 15 anos da sua vida. E de toda a vida do adotado.
Atualmente, contribuo mensalmente com a FOCINHOS DE LUZ, uma entidade bem organizada, que faz campanhas de adoção todos os fins de semana na Barra e Recreio, e mantém ações contínuas de adoção nas redes sociais.
É importante conhecer os grupos idôneos e engajados, com propostas sustentáveis e coerentes. Neste caso, indico:
GARRA (Grupo de Resgate e Reabilitação Animal);
OITO VIDAS (direcionada para a proteção e resgate de felinos);
SOZED (Sociedade Zoofilia Educativa);
ANIDA (Associação Nacional de Implementação dos Direitos dos Animais);
AMPARA (Associação das Mulheres Protetoras dos Animais Rejeitados e Abandonados);
Comentários