Dr Rômulo Braga: radiografando problemas dentários

Mau hálito não é o primeiro sinal de que cães e gatos enfrentam problemas dentários. Ou ao menos não deveria ser. Secreção logo abaixo dos olhos, dentes quebrados e perda de apetite são outros sintomas merecedores da atenção do veterinário e do proprietário. “O ideal seria manter a limpeza periódica e preventiva e não fazer a faxina quando a casa tá muita suja”, brinca Dr Rômulo Braga, Coordenador do Setor de Radiologia do CRV Imagem e com prática em exames de raios-x para tratar desses problemas. “Existe um ângulo, posição e forma específicos para examinar cada grupo dentário”.

 

Dr Rômulo, quais os problemas dentários que levam os veterinários a solicitar o exame de raios-x?

O mau hálito é o primeiro sinal de doença oral que, com mais frequência, chama atenção de quem cuida de cães e gatos, mas muitos indícios podem ser detectados bem precocemente para procurar o tratamento odontológico veterinário. Inchaços que drenam secreção logo abaixo de um dos olhos, dentes quebrados, retenção de dentes de leite, enjoo e perda de apetite (pode indicar dor), dificuldade para comer, abrir ou fechar a boca, salivação, ferimentos e/ou deformação do rosto e cabeça, secreção nasal, espirros e roncos com dificuldade de respirar podem ser outros sintomas que denunciam problemas na cabeça que os raios-x podem ajudar.

 

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O ideal seria, ao invés de “fazer a faxina quando a casa tá muito suja”, manter a limpeza periódica e preventiva. Além de mais fácil e rápido, isso permite a detecção precoce de problemas mais graves como câncer e doenças inflamatórias e auto-imunes, e impede também que micro-organismos dos cálculos que se formam nos dentes (tártaro) alcancem a circulação e acabem em órgãos importantes, produzindo sua falência. Esse é o mecanismo de produção de muitas doenças sistêmicas e das infecções renais, por exemplo, que terminam com a doença renal e morte. Esse processo de prevenção acaba por ampliar o tempo e a qualidade de vida dos pets, reduzindo gastos e ampliando conforto.

 

Nestes casos, qual é a contribuição do exame de raios-x (RX)?

Umas das principais ferramentas nessa investigação é a radiografia (aos poucos substituída pela tomografia) tanto em pessoas como em animais. As radiografias de cabeça e em especial de boca, entretanto, exigem cuidados especiais. Um deles é que a intrincada arquitetura do crânio e da boca fechada com os dentes sobrepostos entre si não facilita a visualização de cada estrutura. Por isso, quando precisamos avaliar nossos dentes, o método de escolha é aquele pequeno filme que seguramos dentro da boca, no consultório do dentista e com aparelho de raios-x dental.

Isso porque cada dente ou grupo deles merece atenção especial para um diagnóstico preciso. Existe um ângulo, posição e forma específicos para examinar cada grupo dentário. Isso tudo amplia muito o trabalho, o número de radiografias e o tempo de exame. O RX direcionado por um bom exame físico e odontológico, ainda no consultório, reduz os custos, os riscos, o trabalho e aumenta as chances de acertar a definir a causa do problema.

 

E como é feito este exame? É preciso anestesia?

O que mais usamos na prática e para uma avaliação de triagem é a radiografia convencional, com o cassete (filme) por fora da cabeça. É um exame mais simples, que orienta o planejamento e o tratamento do caso, mas para um resultado melhor exige alguns cuidados.

Essas radiografias geralmente precisam ser feitas com a boca aberta para tirar a interferência de um lado da boca sobre o outro e da parte de cima e de baixo. Para que tenhamos radiografias mais diagnósticas, a anestesia durante o exame é fundamental, pois permite a exploração visual e fotográfica de toda a cavidade oral em detalhes.

 

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O acompanhamento da boca e dos dentes é fundamental para a saúde e vida longa dos animais. As radiografias de cabeça precisam ser bem planejadas, discutidas e agendadas para que a qualidade do resultado e diagnóstico seja favorável para o cliente e principalmente para o paciente.

 

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