Os Exames para a Lesão do Ligamento Cruzado Cranial

Pisos lisos, escorregadios, terrenos íngremes ou com presença de degraus, ambientes propícios a quedas e traumas. Não é à toa que o convívio maior dos cães dentro das nossas casas tem relação direta com um número de casos de afecções ortopédicas que chegam à rotina veterinária.

A lesão do ligamento cruzado cranial é uma dessas afecções. E hoje é pauta para Dra Eveliny Eleuterio, da equipe de Radiologia e Ultrassonografia do CRV Imagem. Nesta entrevista, Dra Eveliny cobre os sintomas, o papel dos Raios-X no diagnóstico, e até ondem podem ajudar outros exames como artroscopia, tomografia e ressonância.

 

Dra Eveliny, qual a importância do ligamento cruzado cranial?

Os ligamentos cruzados são estruturas presentes na articulação do joelho que desempenham papel importante na estabilidade desta articulação. O ligamento cruzado cranial (LCCr) tem a função de limitar os movimentos do joelho, garantindo estabilidade da articulação.

 

Quais os sintomas que apontam para uma lesão de ligamento cruzado cranial?

As lesões ligamentares que podem ocorrer de forma aguda (secundária a um trauma) ou, mais comumente, por degeneração crônica do ligamento, resultam principalmente em dor, claudicação e falta de apoio do membro acometido, alterações na marcha e intolerância ao exercício. A instabilidade da articulação culmina no desenvolvimento de alterações degenerativas e progressivas, intensificando a sintomatologia.

 

 

Algumas raças têm mais predisposição a desenvolver a lesão?

Todas as raças podem ser acometidas, animais de qualquer sexo ou idade, embora cães de médio e grande porte, como o Rotweiller, Pit Bull, Labrador e o Bulldog Inglês, jovens e ativos sejam mais frequentemente acometidos. Existe uma tendência para os cães de pequeno porte sofrerem lesões do LCCr quando mais velhos e as raças que mais aparecem na rotina são Yorkshire, Poodle, Shitzu e Lhasa Apso.

 

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O exame de Raios-X pode ajudar nessa suspeita?

Sim. Embora o diagnóstico definitivo seja através do exame clínico feito pelo teste de gaveta positivo, no qual há deslocamento cranial da tíbia em relação ao fêmur (movimento que não é possível quando o ligamento está íntegro), o exame radiográfico pode ser utilizado como auxílio no diagnóstico clínico, a partir da realização de posicionamentos específicos para descartar outras possíveis causas de claudicação por anormalidades ósseas ou de tecidos moles, e avaliar o grau e progressão da doença.

 

Quais são os principais sinais vistos na imagem?

As alterações radiográficas de um paciente que apresenta ruptura de LCCr variam de acordo com o tempo de evolução e com o tipo da lesão. Comumente observa-se o desvio cranial do platô tibial em relação aos côndilos femorais caracterizando o “movimento de gaveta”, compressão do coxim adiposo na face cranial da articulação, aumento da cápsula articular por efusão articular, hemorragia ou edema, e formação de osteófitos periarticulares.

 

Raios-X: canino maltês, fêmea, 10 anos, mancando sem apoio há 20 dias:


Moderado aumento de radiopacidade de câmara articular cranial de joelho direito, comprimindo a área de coxim adiposo.

 


No posicionamento sob tensão articular (compressão tibial), observa-se acentuado deslocamento cranial do platô tibial em relação aos côndilos femorais (“movimento de gaveta”), associado a deslocamento cranial do ápice de patela.

 

Outros exames podem auxiliar no diagnóstico? Quais?

Sim. A artroscopia, por exemplo, é uma técnica de diagnóstico e tratamento de lesões articulares dos joelhos. Permite uma avaliação detalhada das estruturas intra-articulares, detectando precocemente alterações inflamatórias e lesões a nível das vilosidades sinoviais, ligamentos e tendões, com a visualização do LCCr quase na sua totalidade, possibilitando a detecção de possíveis alterações e a existência de rupturas parciais ou completas.

A ressonância magnética é considerada o método de diagnóstico complementar ideal para a avaliação com detalhamento das estruturas do joelho, fornecendo imagens com melhor definição e contraste dos ligamentos e tendões. Já a tomografia computadorizada, além de permitir a visualização de estruturas que podem ser observadas radiograficamente, com a administração de contraste, torna algumas lesões de tecidos moles perceptíveis. É uma técnica útil na detecção de fraturas por avulsão dos ligamentos intra-articulares, no entanto, não tem grande precisão na avaliação da integridade ligamentar.

 

Dra Eveliny Eleuterio, radiologista do CRV Imagem.

 

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