Dr Luiz Pereira: o homem por trás da pioneira “The Pet From Ipanema”

Dr Luiz Pereira é daqueles veterinários que não conseguem dissociar a paixão pela profissão do empreendedorismo que corre nas suas veias. Fundador da “The Pet from Ipanema”, a primeira petshop boutique do Brasil, que abriu as portas em 1994 no Rio de Janeiro e ganhou o Brasil com sistema de franquias, Dr Luiz foi também responsável por enaltecer a profissão do veterinário na mídia e fomentar a formação continuada, promovendo excursões a congressos nacionais e internacionais.

Quem conduz esta entrevista é Dr Alex Adeodato, neurologista, sócio do CRV Imagem e, no início da carreira, muito inspirado a buscar aperfeiçoamento técnico nas diversas excursões promovidas por Dr Luiz aos congressos.

 

 

DR ALEX ADEODATO: Luiz, em primeiro lugar: de onde você tira tanta inspiração para realizar e influenciar de forma tão significativa o mercado pet?

Alex, em primeiro lugar, obrigado pelo convite. Eu penso que, com a abertura da The Pet from Ipanema, em 1994, aconteceu uma verdadeira revolução em nosso mercado, pois ajudamos a tirar o cão do quintal e o levamos para a cama dos seus donos. Antigamente, as lojas eram de avicultura e agropecuária.  Eram lojas fétidas, insalubres e com funcionários totalmente despreparados para atender um público mais esclarecido. Essas lojas não aceitavam cartões de crédito, vendiam ração a granel, e não raro rações para porcos eram vendidas como se fossem para cães. Essas lojas jamais recebiam clientes de alto poder aquisitivo, que são na verdade os geradores de demanda.

Antes de abrir a The Pet from Ipanema, na Rua Vinicius de Moraes, eu passei a frequentar as maiores feiras de mercado pet do mundo, como a de Nuremberg, Milão, Paris e a Feira de Natal de Chicago. Aí eu entendi umas das últimas frases que meu pai disse antes de morrer: “É preciso ver o que se tem feito para saber o que fazer!”

 

AD: Com a The Pet from Ipanema, você trouxe um novo jeito de olhar para a gestão de marca das petshops.

Sim! O primeiro passo foi escolher um arquiteto que captasse e colocasse em prática todas as minhas ideias. Ivo Mareines, arquiteto de renome internacional, conseguiu essa proeza. Quem não se lembra daquela “fachada viva” de 12 metros de altura, que trazia a cara de um gato?

Escolhemos uma empresa de assessoria de imprensa, a BASI, contratamos um promoter, o David Brazil que, à época, ainda engatinhava profissionalmente. Nossa loja foi a primeira pet a ter ar-condicionado, identidade visual, aceitar todos os cartões de crédito e a empregar funcionários bilíngues e treinados pelos laboratórios e empresas da PetFood.  Eles tinham conhecimento do que estavam vendendo aos nossos clientes.

Chegamos a ter 5 lojas franqueadas no Rio, uma em São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte.

O conceito de pet boutique ultrapassou o mercado carioca e impactou o mercado nacional como um todo. Acredito que eu tenha contribuído para a maturação do mercado pet brasileiro, que hoje é um dos maiores do mundo.  

 

AD: Luiz, fale um pouco da sua contribuição para profissionalizar a Medicina Veterinária brasileira.

Eu me formei em junho de 1979. Naquela época, para se ter uma clinica veterinária, bastavam uma geladeira, uma mesa, geralmente de mármore, termômetro, esteto, uma estufa de banho maria e, claro, o receituário e o carimbo. Em 1980, fui para Hannover, na Alemanha, me submeter a uma cirurgia. Dei a sorte de me internar em um hospital situado ao lado da Faculdade de Medicina Veterinária de Hannover. E dei mais sorte ainda de ter conhecido o Dr Willian Bras, então um dos ícones da Medicina Veterinária mundial.  Acredite se quiser: ele falava português e me permitiu acompanhar a sua rotina.

Ao voltar ao Brasil, estava envergonhado. Jurei para mim que iria mudar a situação em que a Medicina Veterinária brasileira se encontrava. Um dos primeiros equipamentos que fiz meu irmão, Dr José Pereira, também veterinário, comprar foi a estufa seca e um Raio-X de 25MA.

A partir de 1985, descobri que acontecia um big evento de Educação Continuada em Orlando, terra do Mickey. Peguei esse gancho — Viagem a Disney! — para convencer colegas a irem ao congresso comigo. Lá fomos nós, 17 gatos pingados, com suas famílias, unindo o lazer ao saber. Depois disso, mais de 3 mil colegas viajaram com o nosso grupo para o NAVC, WSAVA, WVC, ACVO, enfim inúmeros outros e, você, Alex, sempre presente. Eu digo que isso ajudou os colegas a olharem sob um ângulo diferente a nossa categoria e as especialidades. De uma forma ou de outra, eu tenho uma participação na história do CRV Imagem, pensa bem?!

 

AD: Ainda há espaço para mais mudança na relação atual entre as famílias e seus animais?

Muito espaço. Em 1998, eu fiz uma pesquisa — via uma empresa americana que estava se instalando no Brasil —  para saber o que o cão representava para seus donos. A conclusão foi incrível: o cão é o neném do dono! É muito mais que o seu bebê, pois é 100% dependente de nós, ao contrário dos felinos.

 

 

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